segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PEDIDO DE DEMISSÃO

 
Pedido de Demissão

Venho através desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos. Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de 8 anos no máximo. Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas...
Quero acreditar que tudo é possível... Quero que as complexidades da vida passem desapercebidas por mim, e quero ficar encantado, com as pequenas maravilhas deste mundo... Quero de volta uma vida simples e sem complicações...
Cansei dos dias cheios de computadores que falham, montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e, necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe!!! Não quero mais ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento...
Não quero mais ser obrigado a dizer adeus às pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida!!! Quero ter a certeza de que DEUS está no céu, e de que por isso tudo está direitinho neste mundo... Quero viajar ao redor do mundo, num barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva...
Quero jogar pedrinhas na água, e ter tempo para olhar as ondas que elas formam... Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e, ficar com a cara toda lambuzada... Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou, quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas...
Quero poder passar as tardes de verão, à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar, e dividindo-os com meus amigos... Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!!! Quero que as maiores competições que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude, ou uma pelada... Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia, era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a “Batatinha quando nasce...” ...”, e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia...
Quero voltar ao tempo em que se era feliz, simplesmente porque se vivia na bendita ignorância da existência de coisas que podiam nos preocupar ou aborrecer... Quero poder acreditar no poder dos sorrisos, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia... Quero estar convencido, de que tudo isso... Vale muito mais do que o dinheiro!!! A partir de hoje, isto é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto... Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar... PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!


Texto de: Maria Clara Isoldi White >>>>Colaboração:Simone Bertini

7 comentários:

  1. Esse texto é lindo mesmo...Viver como criuanças não podemos mais, temos responsabilidades demais.Porém, tê-la smpre em nós é bem possível... abração,chica

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  2. Ai que delicia de texto...euquero me livrar de tantas coisas assim. Lembro quando criança dizia: ser adulto é ser chato????
    Não apenas ser chato como ter vida chata e descolorida né?

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  3. ¡Maravilloso texto! Creo que después de leerte, me apunto a tu decisión: también yo renuncio a mi adulto.
    Un fuerte abrazo!!!!

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  4. Sabe, amigo! Artur tem 2 anos- meu neto- e fico a observar a forma como ele constrói seu mundo de brincadeiras... Quer ser um adulto, mas a candura que põe nos gestos me encanta... É essa inocência que me fascina, o olhar tão meigo, um sorriso que me quebra as barreiras do mundo real... A ti, Elcio, meu abraço e meu carinho, sempre... Teresa.

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  5. Voltei... ia esquecendo do haicai: O sino da igre/ Ouvi-lo tocar... Beijos.

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  6. O sino da igreja/ No Natal todos aguardam/ Ouvi-lo tocar

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  7. Amigo como seria bom poder voltar e fazer tudo de novo cometer o mesmo erros e mais outros lindo texto escolheu a dedo!

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Sou um pouco de tudo, sou um raso tão fundo, sou imenso e intenso, sou vazio, sou denso, sou do mundo poema, sou de versos reversos, sou espaço de sobra, sou a sobra da festa, sou a luz que ainda resta, sou um pouco de vento, sou mormaço e relento, sou a chuva e a brisa, sou a sombra precisa...